No entanto, na... quarta-feira, ou coisa do género, estava muito bem a almoçar, quando surgiu na discussão o tema religião. Talvez não religião, mas a forma de a expressar. Uma amiga minha (que ouve mal ao perto) dizia algo do género:
"Mas eu não acho que as pessoas devem julgar as outras, e dizer que é crente ou não crente. Acho que a religião faz parte de cada um, é pessoal, e cada um deve expressar o que sente da forma que quiser, e os outros não têm nada a ver com isso."
(Eu acho que foi isso, na altura estava entretida a escolher as batatas e foi mais ou menos isto que captei.)
Só que eu pus-me a pensar (porque a minha cabeça é hiper-activa e não pára um segundo); não é que eu não concorde com ela, mas e se os outros TIVEREM alguma coisa que ver com isso?
Não no sentido de ditarem o que a outra pessoa tem de crer, mas no sentido de a religião fazer parte da pessoa e contribuir para a sua individualidade, o seu carácter, até os seus princípios, valores, escolhas e acções. Quem diz religião, diz etnia (não que os genes de uma pessoa a determinem completamente, e que certa pessoa, por ser verde, azul, roxa, deva ser tratada de tal forma), pois dentro de cada etnia/clã/região autónoma existe uma cultura, que forma e/ou influencia a personalidade de cada um (que por sua vez influencia tudo o resto).
Ou seja: ao querer tratar as pessoas apenas com base no seu mérito enquanto pessoas, no que fazem de bom ou mau, e porque o fazem, não estaremos também a discriminá-las com base em todo o seu background, porque ambos são indissociáveis?
A questão talvez se ponha de outra forma; quanto da pessoa é a própria pessoa? Quanto é o seu passado, presente, aspirações de futuro? A sua religião e a sexualidade, que contribuem para a individualidade de cada, em quanto influenciam o tratamento que outras pessoas lhes dão, mesmo sem quererem discriminá-la?
Estaremos condenados à discriminação eterna?
Uma nota: eu não pretendo ser a pessoa mais liberal de sempre. Eu também caio em estereótipos e discriminações injustas. Eu apenas tento reconhecê-los e evitá-los, porque alguém só se torna uma pessoa com pleno direito a essa designação quando reconhece os outros enquanto pessoas, e não é a discriminar indiscriminadamente que este Mundo se torna melhor.
Outra nota: eu não pretendo mudar O Mundo. Eu quero, sim, tornar o MEU Mundo um lugar do qual eu sinta orgulho.
Ainda outra nota: neste texto uso a religião, a sexualidade e a etnia como exemplos. Mas são apenas exemplos, a discriminação passa por muito mais.
Abram os olhos GENTE!
ResponderEliminarMarisa a PRESIDENTE!
[Concordo contigo, obviamente :D]