Pedimos desculpa pelo incómodo. Prometemos (tentar) ser breves.

20/03/2010

E agora, um pouco de seriedade?

Como eu já referi no post sobre homofobia, eu não me importo nada com a sexualidade das outras pessoas. Nem com onde vivem, onde viveram, onde nasceram, as suas crenças pessoais de que existe um, dois, trezentos ou nenhum deus(es). Não acho que as pessoas devam ser discriminadas, diferenciadas, catalogadas, por algo mais ou menos que o seu carácter, princípios e atitudes/intenções.

No entanto, na... quarta-feira, ou coisa do género, estava muito bem a almoçar, quando surgiu na discussão o tema religião. Talvez não religião, mas a forma de a expressar. Uma amiga minha (que ouve mal ao perto) dizia algo do género:

"Mas eu não acho que as pessoas devem julgar as outras, e dizer que é crente ou não crente. Acho que a religião faz parte de cada um, é pessoal, e cada um deve expressar o que sente da forma que quiser, e os outros não têm nada a ver com isso."


(Eu acho que foi isso, na altura estava entretida a escolher as batatas e foi mais ou menos isto que captei.)

Só que eu pus-me a pensar (porque a minha cabeça é hiper-activa e não pára um segundo); não é que eu não concorde com ela, mas e se os outros TIVEREM alguma coisa que ver com isso?

Não no sentido de ditarem o que a outra pessoa tem de crer, mas no sentido de a religião fazer parte da pessoa e contribuir para a sua individualidade, o seu carácter, até os seus princípios, valores, escolhas e acções. Quem diz religião, diz etnia (não que os genes de uma pessoa a determinem completamente, e que certa pessoa, por ser verde, azul, roxa, deva ser tratada de tal forma), pois dentro de cada etnia/clã/região autónoma existe uma cultura, que forma e/ou influencia a personalidade de cada um (que por sua vez influencia tudo o resto).

Ou seja: ao querer tratar as pessoas apenas com base no seu mérito enquanto pessoas, no que fazem de bom ou mau, e porque o fazem, não estaremos também a discriminá-las com base em todo o seu background, porque ambos são indissociáveis?

A questão talvez se ponha de outra forma; quanto da pessoa é a própria pessoa? Quanto é o seu passado, presente, aspirações de futuro? A sua religião e a sexualidade, que contribuem para a individualidade de cada, em quanto influenciam o tratamento que outras pessoas lhes dão, mesmo sem quererem discriminá-la?

Estaremos condenados à discriminação eterna?

Uma nota: eu não pretendo ser a pessoa mais liberal de sempre. Eu também caio em estereótipos e discriminações injustas. Eu apenas tento reconhecê-los e evitá-los, porque alguém só se torna uma pessoa com pleno direito a essa designação quando reconhece os outros enquanto pessoas, e não é a discriminar indiscriminadamente que este Mundo se torna melhor.

Outra nota: eu não pretendo mudar O Mundo. Eu quero, sim, tornar o MEU Mundo um lugar do qual eu sinta orgulho.


Ainda outra nota: neste texto uso a religião, a sexualidade e a etnia como exemplos. Mas são apenas exemplos, a discriminação passa por muito mais.

1 comentário:

  1. Abram os olhos GENTE!
    Marisa a PRESIDENTE!

    [Concordo contigo, obviamente :D]

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